18 de abr. de 2009

A Evolução do Pensamento Enxuto

Escrevendo uma resposta para a lista de discussões Scrum-Brasil, descobri que o texto ficou relativamente longo e adequado para se transformar num post em meu blog. Portanto, fiz algumas pequenas transformações para transcrevê-lo para meu cantinho de reflexões ... Espero que aprecie o texto. []´s Luiz
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Já faz algum tempo que passei adotar com êxito a seguinte estrutura conceitual em minhas atividades de consultoria e treinamento em ambientes de software complexos, até mesmo durante o tempo que coordenei uma unidade de sistemas totalmente heterogênea com equipes Progress, SAP, Oracle, Java, SOA, etc.:
  1. Lean Thinking no pensamento estratégico, a fim de transformar continuamente a cultura da organização de software;
  2. Scrum no pensamento tático, a fim de promover o trabalho em equipe, a autogestão e o foco em valor e fluxo de valor nos projetos de software;
  3. Extreme Programming no pensamento operacional, a fim de promover a excelência técnica e a perfeição do produto de software.

Pois bem, eu e mais outros colegas aqui de Porto Alegre, que também seguem esse modelo (conheço poucos), sabemos que Scrum e XP são aderentes aos princípios e práticas do Lean Product Development (vejam que eu não mencionei Lean Software Development pois este é uma variante do primeiro), motivo pelo qual temos nos aproximado cada vez mais das experiências e práticas dos modelos de gestão industrial (entenda Eng. Produção).

Na lista de discussões do Yahoo "Lean Development" vocês poderão observar que um grupo de pesquisadores internacionais formou uma força tarefa para visitar a Toyota no Japão a fim de dar continuidade à tradução do único modelo que deu certo na indústria automobilística (projeto, desenvolvimento e produção de automóveis) e que atualmente é seguido por todos os "sistemistas" (fornecedores) integrados nas cadeias logísticas dos grandes fabricantes. Por aqui, Brasil, estamos fazendo o mesmo, participando de cursos, seminários e conferências da indústria para realizarmos a tradução mental do modelo para a nossa área que é o desenvolvimento de software. Frente a isso, deixo os seguintes comentários sobre esta discussão:

  1. Workshop Gestão Lean Manufacturing, O Guia para Excelência
    http://www.exithum.com.br/workshop.html

    Estive presente na edição de Bento Gonçalves, RS (um grande polo de fábricas de móveis do RS), um evento apoiado pelo SINDIMÓVEIS para as fábricas que estão procurando dar uma guinada no modelo de gestão a fim de evitar os desperdícios e ganhar a liderança neste mercado. Você acha que Sprint Backlog, Burndown Chart e mais outras ferramentas simples, não eletrônicas, não fazem parte do modelo de gestão enxuta da Toyota? Acho que você se surprenderia de ver e ouvir princípios e práticas do Scrum (defendidos sob o modelo Lean, para mim, a origem de tudo) sendo aplicados nesta área industrial. Além deles, representantes de empresas como Pirelli, GKN e Continental (todas automobilísticas) relataram a seguinte frase: "Não temos mais como nos sustentar no mercado sem um sistema de gestão Lean!". Além deles, pasmem!, um representante de uma grande construtora chamada Melnick Even apresentou o grande sucesso de adoção do mesmo modelo (usando Kanbans para um sistema puxado/JIT, ciclos curtos de produção, gestão à vista, autogestão, etc.).
  2. Minha humilde opinião quanto a "Já está na hora de vocês pararem com isso, já começa a pegar mal, já é complicado hoje conseguir como um guia no desenvolvimento de softwares, imagina tentar gerenciar algo completamente diferente."

    Já está na hora de algumas pessoas pararem de falar sobre aquilo que não dominam ou não possuem experiência. Começa a pegar mal a demonstração de falta de conhecimento do grande movimento que está sendo realizado, e com êxito na maioria dos casos, para a migração dos princípios e práticas da gestão Lean para todas as áreas de serviço. Quem adota este modelo acaba observando que, às vezes, passa a ser necessário deminitir ou substituir gente que não aceita os valores intrínsecos da cultura (quando o programa realmente tem um forte sponsor e é implantado de cima para baixo), indo até contra os próprios valores da cultura de fortalecer e respeitar as pessoas. O ponto é que, se eu posso triplicar minha capacidade produtiva e aumentar a qualidade de meu produto, com o mesmo número de recursos disponíveis atualmente, pq vou dar chance ao azar deixando que retardatários atrapalhem meu processo de mudança?

Pense nisso ... pense que todas as empresas que atualmente possuem um nível aceitável de aderência ao modelo Lean já atuaram no modelo artesanal, já passaram pela produção em massa, e agora vivem com a mentalidade de melhoria contínua ininterrupta em todas as suas atividades ... e todas convergem para modelos de gestão de projetos muito semelhantes àquele definido em métodos como Scrum, XP, FDD, Cristal, etc.

Se tiveres oportunidade de vir à Porto Alegre no próximo fim de semana, para participar do Porto Alegre Agile Weekend (http://sites.google.com/site/agileweekend/), poderá assistir ao vivo a palestra de um dos diretores do PMI-RS falando sobre a forte tendência do PMI para os valores e práticas ágeis nos novos modelos ...