
Foram dois dias muito agradáveis de teoria e prática garantidos por uma equipe bem participativa formada por 30 profissionais pertencentes ao CeSPI e ao Laboratório de Investigación en Nuevas Tecnologías Informáticas (LINTI). A turma era formada basicamente por gerentes de projeto, analistas de negócio e de sistemas, desenvolvedores e testadores, sendo que somente 20% dos participantes demonstrou conhecimento prévio dos princípios e práticas ágeis (um dos grupos está iniciando a adoção de Scrum).
desde el ser humano y no desde la tecnología."
Todos sabem que os requisitos de negócio, de processo, de sistema e de projeto iniciam nas necessidades e desejos da mente humana. Porém, o que a maioria não sabe é como explorar esse fato com modelos objetivos de percepção, informação, decisão e atitude, gerando resultados ainda mais positivos em seus ambientes de negócio. As metodologias ágeis seguem um manifesto que fortalece os indivíduos e suas interações mais que processos e ferramentas, motivo pelo qual todo e qualquer profissional que atue na promoção ou implantação dessas metodologias deve entender alguns princípios básicos da natureza humana a fim de fortalecer a adoção dessa nova cultura e a percepção das verdadeiras necessidades dos projetos de software.
Minhas duas últimas turmas de requisitos de software realizadas na Argentina (Buenos Aires, com 39 alunos, e La Plata, com 30) eram formadas, em sua maioria (> 75%), por pessoas que desconheciam os princípios e práticas das Metodologias Ágeis, mesmo com o título do curso remetendo o foco para o treinamento de "equipes ágeis". Diante desse resultado, o que pude observar é que aqueles que adotam as práticas ágeis no seu dia-a-dia recorrem ao curso para conhecer novas técnicas, questionar dúvidas e aprimorar suas competências, enquanto que aqueles que desconhecem as metodologias recorrem ao curso para saber como nossas equipes ágeis tratam dos diversos aspectos da Engenharia de Requisitos, procurando respostas para a necessidade de simplificação de seus atuais ambientes de trabalho.
muy interesante para ser aplicada en el trabajo diário."
A estratégia que adotei para ensinar requisitos de software à equipes ágeis, e que está provocando mudanças até mesmo na mente daqueles que adotam outras metodologias, pode ser resumida nos seguintes pontos:
- Apresentar estatísticas que evidenciem que o principal problema no processo de desenvolvimento de software ainda está relacionado com a forma como são tratados os diversos aspectos dos requisitos de software;
- Apresentar o modelo tradicional da Engenharia de Requisitos (captação, análise, especificação, validação e gerência) e questionar como e quando essas atividades são realizadas durante a história do projeto;
- Apresentar modelos de percepção e tomadas de decisão da mente humana e demonstrar como tudo o que percebemos da realidade depende da forma como as informações chegam e são armazendas em nossa mente (já discuti que o "Mapa Não é o Território" num post anterior);
- Apresentar conceitos e práticas que comprovam que a comunicação escrita pode ser utilizada de forma eficaz quando se tem consciência de que ela é um mapa que orienta a navegação durante nossa jornada (requisitos, por exemplo) e não o objetivo da jornada em si (o software, por exemplo);
- Demonstrar que a origem de muitos requisitos de produto e projeto de software pode estar associada a riscos quando sua essência está relacionada a necessidades básicas de segurança e reconhecimento do ser humano (pirâmide de Maslow) e não a melhoria do processo de negócio em si;
- Demonstrar que a origem de muitos requisitos de produto e projeto de software pode estar associada a riscos devido a crenças e valores limitantes que sustentam incapacidades e comportamentos indevidos do ser humano;
- Demonstrar que, em ambientes empresariais, todo e qualquer projeto faz parte da realização de uma estratégia de transformação de um processo organizacional, e que um produto de software deve sustentar essa transformação, motivo pelo qual os profissionais que atuam com requisitos devem conhecer os elementos do processo de negócio;
- Demonstrar como a transformação do processo de negócio pode ser descrita de forma sintetizada, utilizando um modelo de raciocínio baseado na resolução de problemas (Project Story);
- Demonstrar como as atividades do processo de negócio (Temas) podem ser alvo de análise na decomposição do problema, simplificando o cálculo do retorno de investimento em projetos de software;
- Demonstrar como o entendimento dos cinco princípios do pensamento enxuto (Valor, Fluxo de Valor, Fluxo Contínuo, Produção Puxada e Perfeição) pode mudar completamente a forma como desenvolvemos e gerenciamos os requisitos de software e justificar a utilização das User Stories;
- Apresentar as User Stories como um modelo de informações que permite o registro dos requisitos de software de forma aderente ao pensamento enxuto, garantindo a criação de mapas simplificados que nos conduzem ao verdadeiro destino de forma objetiva e segura (planejamento quantitativo e validação objetiva do trabalho realizado);
- Demosntrar como esse modelo de informações pode ser utilizado de forma efetiva em atividades de planejamento e controle de projetos de software;
- Demonstrar como podemos nos beneficiar da mudança de percepção sobre as atividades de gerenciamento de requisitos, passando a atuar no controle de estoques e na eliminação do trabalho inacabado em todas as fases de desenvolvimento de produto.
