17 de jun. de 2012

Afinal, Análise de Negócios ou Analistas de Negócios?

Texto publicado na Newsletter de junho do IIBA Porto Alegre Chapter:

Vou aproveitar esta edição, que contém um interessante artigo do Paulo Vasconcellos entitulado “Repensando a Análise de Negócios” para fazer o seguinte questionamento: Afinal, Análise de Negócios ou Analistas de Negócios? Tenho o maior respeito pelo trabalho e conhecimento do Paulo em Análise de Negócios, mas tenho uma diferente percepção quanto a este problema. Análise de Negócios é uma área do conhecimento muito vasta e genérica que pode beneficiar diversos profissionais das mais diferentes áreas profissionais. Por que então limitarmos o domínio deste conhecimento somente aos Analistas de Negócios? Vou dar alguns exemplos para defender meu ponto de vista.

Me tornei analista de negócios sem nunca ter tido o título de analista de negócios. Na realidade, com um perfil de solucionador de problemas, típico dos Engenheiros (em especial, Eletrônicos), sempre pratiquei análise de negócios quando procurava compreender o real problema do ambiente alvo antes de me debruçar sobre o universo das soluções. De analista de sistemas passei para analista de processos e gerente de projetos no final dos anos 90. No início dos anos 2000, me tornei consultor de gestão, passando para agile coach & trainer ainda nesse período. Em todos esses papéis, sempre fiz uso de diversas práticas e técnicas da análise de negócios.

Hoje, trabalho numa empresa de grande porte sob o título de Consultor de Gestão. Além de desenvolver modelos de gestão e negócios, facilitar workshops de inovação de produtos e processos, gerenciar projetos diversos e disseminar a cultura ágil na empresa, tenho contribuído para a melhoria do desempenho de diferentes profissionais com algum tipo de capacitação em análise de negócios. Ajudei Product Owners e Business Owners a enxergarem desperdícios e a planejar de forma iterativa-incremental com técnicas de análise de negócios. Ajudei consultores de recursos humanos a se tornarem HRBPs (Human Resources Business Partners) com a disseminação de competências em análise de negócios. Por fim, é de se esperar que eu também atue na formação dos Analistas de Negócios de nossa área de TI.

Quero que você perceba que a área do conhecimento denominada Análise de Negócios pode beneficiar diversos perfis profissionais, assim como a Gerência de Projetos. Como eu sempre digo, a maioria dos profissionais do conhecimento, que atuam com análise e resolução de problemas de negócios (como administradores, advogados, consultores, gerentes de projetos, analistas em geral, etc), praticam análise de negócios. A questão é que esses profissionais poderiam aprimorar seus resultados sabendo disso e se capacitando para isso. Por que então focarmos no Analista de Negócios e não na Análise de Negócios? Vou encerrar este texto com minha pergunta inicial: Afinal, Análise de Negócios ou Analistas de Negócios? Agora você já deve saber qual minha opinião: AMBOS!

2 comentários:

Paulo Vasconcellos disse...

Oi Parzianello,

Se meu artigo forçou um "OU" foi apenas para servir de contraponto ao papo que presenciei nos últimos tempos. Tornei pública minha preocupação no BA Brazil 2011. Reproduzo abaixo a versão original:

Há, no meu ponto de vista, exagerada e arriscada ênfase na macrodisciplina ”Análise de Negócios” em detrimento de seus praticantes principais, os Analistas. Algo como: “o importante é que a Análise seja feita, não importa por quem”. Concordo que a área não carece de muros ou testes como aqueles que vemos em Direito, Medicina, Engenharia e afins. Por outro lado, se não existirem profissionais especializados e orgulhosos de sua área, como podem a disciplina e respectivo corpo de conhecimentos evoluir? Não é de hoje que é notória a baixa autoestima dos Analistas de Negócios, particularmente dos tupiniquins. Existem razões mil para tanto – sendo a principal a confusão com “tiradores de pedidos²”. Mas não melhoramos a situação com o discurso vigente. Em suma: se queremos uma Análise de Negócios forte e reconhecida precisamos fortalecer e reconhecer os Analistas de Negócios. Eles não são nada menos que fundamentais para o futuro da disciplina.

Concordo com suas colocações, mas mantenho meu alerta.

Abraços!

Paulo Vasconcellos

L.C.Parzianello disse...

Oi Paulo! Obrigado pela pronta resposta! Eu tinha entendido isso, só que estamos falando de um limiar tênue entre cair para o lado somente da análise ou somente do analista que detém o conhecimento da análise. Nestes termos, acredito que os analistas de negócios conquistarão maior valor no mercado se demonstrarem maior competência na disseminação desse conhecimento nas equipes e negócios em que atuam. Ou seja, na minha opinião, analistas seniores tem a obrigação de provocar esta mudança como facilitadores/coaches. Quanto aos demais, continuo enxergando analistas de negócios especialistas em determinadas áreas do conhecimento, podendo ser rotulados por diferentes nomenclaturas, mas sempre praticando análise de negócios. Veja que o próprio BABOK registra esta possibilidade.

Abraços!