25 de mai. de 2009

Relatos de Buenos Aires

De volta à Porto Alegre, relato aqui minhas impressões sobre como foi o curso Requisitos de Software: Conceitos e Práticas para Equipes Ágeis.

Primeiramente, gostaria de registrar a grande surpresa que tive com a presença de 39 alunos de diversas empresas públicas e privadas da região, sendo a maioria de empresas de grande porte como Movistar Telefónica, Ministério de Educación, Centro Superior para el Procesamiento de la Información de la Universidad de la Plata, T-Systems, Maypun, entre outras. Dentre os perfis observados, existiam alguns poucos desenvolvedores e testadores, porém muitos analistas, gerentes de projeto, arquitetos de software e consultores.

Pois bem, dos 39 alunos, somente 5 conheciam e utilizavam algumas práticas ágeis em sua equipes. Os demais eram provenientes da corrente tradicional do desenvolvimento de software. O resultado foi um curso extremamente provocante e desafiador, pois eu tinha na turma consultores de gerência de projetos (PMI) e melhoria de processos (CMMI).

Fiquei contente de poder voltar à mesma sala em que eu havia sido aluno de Mary e Tom Poppendieck no ano passado, no curso Lean Software Development (Agiles 2008), só que agora era eu quem estava na posição de instrutor. Pois bem, tirando a enorme diferença da qualidade dos instrutores (hehehe! seria ridículo eu me comparar aos Poppendieck!), eu tive uma vantagem de alunos que se transformou num transtorno para todos, dado que a sala só comportava um máximo de 28 alunos sentados confortavelmente e tínhamos 39! Fiquei com pena de algumas pessoas amontoadas, sem contar com o calor que passamos diante de um ar condicionado que não dava muita vazão a toda essa demanda ...

Tirando esses e outros percalços logísticos, que na minha opinião afetaram a qualidade do evento, consegui conquistar uma grande turma de céticos e deixá-los encantados com uma nova forma de captar, analisar, especificar, validar e gerenciar requisitos:

  • Iniciei com minha aula introdutória sobre percepção humana e mapas mentais, e como as fragilidades dos requisitos estão diretamente relacionadas às necessidades de Maslow e crenças formadas por filtros sociais, individuais, generalizações, deleções e distorções. Como sempre, todos ficam chocados com a verdadeira origem de nossos problemas ...
  • Passei pela identificação dos elementos básicos de um processo de negócio para tratá-los como o real problema do desenvolvimento de software, apresentando meu modelo de Project Story. Outra vez, o A3 Problem-Solving Report tem se mostrado muito efetivo neste aspecto.
  • Apresentei conceitos e práticas relacionadas às User Stories, como técnicas linguisticas para se escrever boas histórias e estimar o tamanho relativo das mesmas. Ficou claro para muita gente que a User Story é poderosa e deve ser utilizada antes de partirmos para um modelo mais sofisticado de Use Case.
  • Discutimos os aspectos do planejamento a partir dos pressupostos de Sprint e Velocidade da Equipe, bem como da decomposição do problema em temas de negócio.
  • Por fim, apresentei como o gerenciamento de requisitos pode ser feito para sustentar uma logística de requisitos baseada no modelo Just-in-Time.

Depois de 12h de atividades (exposição e prática), conquistamos os seguintes resultados na avaliação dos alunos: 100% dos alunos considerou alta a competência do instrutor, quase 80% reclamou da falta de material de apoio (não imprimiram minha apostila!), 90% reclamou da sala de treinamento (Hotel Bauen) e 64% achou que o curso deveria ter sido feito com uma duração de 16h (minha carga horária original). Mesmo assim, com todos esses problemas, conseguimos um percentual de aprovação (alto desempenho) de 95% dos alunos, o que me deixou muito feliz. Em breve, repetirei esse curso para a comunidade acadêmica da Universidad de La Plata e o mercado empresarial de Córdoba.

Por fim, gostaria de agradecer a acolhida dos colegas argentinos e parabenizar o grande interesse dos mesmos pela capacitação profissional em Métodos Ágeis e Engenharia de Requisitos, dois temas primordiais para qualquer empresa que trabalhe com desenvolvimento de software e queira se adequar às novas demandas do novo mercado de informática.

Um Dica Final ... Se você for à Buenos Aires e ficar hospedado pelas redondezas da Corrientes com a Callao, não deixe de comer um bife de chorizo ao molho de mostarda acompanhado de uma bela taça de vinho Malbec no restaurante Niña Bonita ... sem comentários!

2 comentários:

Daniel Wildt disse...

Hehe, a não impressão de apostilas te persegue hein!! :-)

Parabéns pelo treinamento meu amigo. Se o público no RS não está buscando esta capacitação (ainda), o público Argentino está ciente das demandas em desenvolvimento de software e está se preparando para isto.

Aqui no RS o negócio é seguir investindo e acreditando na comunidade local.

Parzianello, L.C. disse...

Pois é rapá! Já não chega a NÃO IMPRESSÃO no Agile Weekend e agora a NO IMPRESIÓN en Buenos Aires! Já decidi que, daqui para frente, as apostilas sairão por minha conta! Assim não dependo de fatores externos compromentendo meus resultados! ;-)